segunda-feira, 17 de março de 2014

Na Beira do Espelho


Mirror's Edge é um jogo difícil de classificar.

Quase incluí esse jogo na lista do que pode ser deixado para a oitava geração, já que a EA já anunciou que teremos um Mirror's Edge 2. Mas acho injusto deixar passar uma das experiências mais únicas que eu tive nessa geração.

Já quando eu listei meus destaques da sétima geração eu acabei não incluindo Mirror's Edge por um único motivo: eu ainda não tinha terminado o jogo. Bom, fiz o meu dever de casa. Vamos ao review.


A Má Notícia



Sempre que alguém diz que tem uma notícia boa e uma ruim eu prefiro ouvir a ruim primeiro. A má notícia é que o combate não é o ponto forte de Mirror's Edge. Eu só não acho ele tão quebrado assim quanto muita gente diz.

Veja bem, na maioria das vezes o melhor a fazer é simplesmente se desviar dos inimigos como se eles fossem obstáculos. Desde que você se mantenha em movimento, eles têm pontaria ruim o suficiente para que você consiga chegar tranquilamente até a próxima porta.

O problema é quando o seu objetivo não é atravessar uma porta, e sim subir por um cano ou chamar um elevador, tarefas que deixam a protagonista lenta ou mesmo parada por um tempo, e aí ela vira um alvo fácil. Nesses casos você vai ter que lidar com os inimigos antes de sair da área.

Meu conselho nessa situação? Desarme o primeiro oponente com a câmera lenta, exatamente como você aprendeu no tutorial. Depois, esqueça a conquista / troféu de passar o jogo inteiro sem atirar: pegue a arma (que é o que a protagonista faria na vida real), é muito mais prático.

Só me incomodou não saber quantas balas restam no pente, apesar de isso ser realista também.

As Boas Notícias


Por falar em conquistas / troféus, um dos pontos positivos de Mirror's Edge é o fato de ele ser um jogo extremamente focado.

Uma das coisas que mais quebra a minha imersão é, quando você está correndo contra o relógio para salvar o mundo num jogo qualquer, dar aquela paradinha para pegar um colecionável. Mirror's Edge até tem colecionáveis, mas eu fiz questão de ignorá-los.

Fora os colecionáveis, que obviamente não interferem no gameplay, não há mais o que procurar. A personagem não acumula munição, não precisa de itens para recuperar saúde etc. Ela também não compra habilidades ou upgrades como em Batman ou Bioshock. Faith começa o jogo exatamente como termina.

É impressionante como esse foco extremo torna o jogo absurdamente imersivo. Quando você está correndo em direção a uma porta vermelha com inimigos no seu encalço nenhuma parte do seu cérebro está procurando itens, com medo deixar passar algo que será necessário no futuro. Você sabe que basta atravessar a porta, você terá tudo que precisa na próxima fase: as habilidades que você já tem desde o prólogo.

Outro fator que contribui para a imersão é o fato de o jogo ser em primeira pessoa. Por mais que a visão em terceira pessoa de Prince of Persia seja mais eficiente para controlar um personagem fazendo parkour, a visão de Mirror's Edge traz uma impressão de perigo, uma sensação muito mais visceral para a correria. Teve gente que sentiu vertigem jogando!

Além disso, no meio de tantos jogos cinzas e marrons, Mirror's Edge tem um design clean e arrojado de dar gosto. O ambiente predominantemente branco, com cores fortes dando o tom a todo momento, e vermelho berrante indicando o próximo objetivo... Tudo combina para gerar um jogo tão bonito que os quadros pendurados no interior dos escritórios são simplesmente a própria arte conceitual do jogo, e você terá vontade de comprar um deles para pendurar na sua sala.

Não se preocupe muito com essa história de combater inimigos. Na maior parte do tempo, você está sozinho. E é aí que Mirror's Edge está no seu ápice, quando você está descobrindo como chegar no seu próximo objetivo, seja nos telhados ou no interior de um prédio, e vai executando as piruetas para chegar lá com perfeição, sem perder momento. É uma experiência única, não joguei nada parecido na última geração ou fora dela. Se você não tem medo de lidar com o combate genérico para poder apreciar esses momentos, eu recomendo.

Senão, espere Mirror's Edge 2.

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